Seja seu melhor amigo
Leticia
foi convidada para ser madrinha de casamento da amiga Débora. Queria caprichar
no visual e foi às compras. Entrou na sua loja predileta, experimentou diversos
vestidos e implicou com todos! Seguiu sua busca em outras lojas. Perdeu as
contas de quantos “milhões” de vestidos experimentou. Desiludida e cansada
chegou em casa e, aos prantos, telefonou para sua amiga. Débora ouviu seu
lamento e disse: “Não é pra menos! Você não vê que está enorme de gorda? Como é que algum vestido pode ficar bem em
você? E todas aquelas pizzas e feijoadas que você comeu nos últimos meses?
Agora ainda fica choramingando? Francamente! Do jeito que você está não vai ter
vestido que fique bem em você!”.
Imagino
que a essa altura você esteja odiando a Débora! Que esteja achando-a uma das
pessoas mais cruéis e insensíveis que você já viu. Que esteja classificando o
comportamento dela como devastador e improdutivo, que em nada ajudaria Leticia
a se sentir minimamente melhor. Ao contrário, faria com que ela se odiasse
ainda mais.
Provavelmente
você deve estar se perguntando que tipo de amiga é essa. Que jamais a teria
como amiga. Que a queria bem longe de você. Mas o mais chocante é que a Débora
não é a Débora. Na verdade, quem disse tudo aquilo para a Leticia foi ela
mesma. Quem humilhou, culpou, aniquilou com a Leticia foi ela mesma. E o pior
vem agora: isso que Leticia fez consigo mesma, tenho certeza que você também já
fez com você. Já foi muito cruel e se detonou quando mais precisava se
reerguer. Fazemos muito isso. Mas não deveríamos. Se tal comportamento já nos
choca vindo de outra pessoa, imagine vindo de nós mesmos? De alguém com quem,
por razões óbvias, não temos como romper, deixar de ver ou evitar conviver. Por
isso atente sempre para a maneira como você se trata.
Quando
nossa autoestima cai, desabamos para a vida. Nossa relação com nós mesmos e com
todos à nossa volta fica imensamente abalada. Autoestima baixa é quando nos
vemos muito distantes daquilo que gostaríamos de ser. E nos punirmos por isso
não vai, de forma alguma, melhorar as coisas. Se você permite que você mesmo se
trate dessa forma, por que não admitiria que outras pessoas façam o mesmo?
Perder
o amor próprio abre portas para que quando alguém nos deprecie ou destrate,
aceitemos sem contestação. A fala ou gesto do outro funcionará como um eco
daquilo que já tínhamos pensado sobre nós mesmos. Conscientemente, ou não, nos
diremos: “não disse que sou uma pessoa desprezível, ou ruim, ou gorda, ou feia,
ou burra..?”.
Observe
agora como você age com um amigo que lhe procura para desabafar dizendo estar se
sentindo um lixo. O que você normalmente faz? Provavelmente o acolhe, o trata
com gentileza, com carinho e procura palavras que o conforte e o demova da
ideia que está fazendo com que ele esteja se sentindo mal. E se alguém humilha
ou ofende alguém que você ama? Imagino que o defenda com veemência. Portanto, aja
com você como você agiria com seu amigo. Seja gentil com você. Procure ser cada
vez mais uma pessoa melhor, mas durante todo o processo de crescimento seja mais
condescendente com você. Isso trará muito mais força para encarar os desafios
que a vida apresenta. Cuide-se mais. Depender de outras pessoas para que nos
sintamos bem, para que nos sintamos melhores, é muito perigoso. Conte com você.
Perdoe-se mais! Ame-se mais! Respeite-se mais! Seja seu melhor amigo.
h ² h
Andréa Fanzeres Cordoniz
Psicóloga, Escritora, Consultora
de Recursos Humanos, Instrutora de Treinamentos Empresariais e
Palestrante.
Psychologist, Writer, Consultant for
Human Resources, Trainer for Business Training and Speaker.